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As bem-aventuranças, 6, 17-26.

Lucas, primeiramente, prepara o ambiente para Jesus anunciar as felizes regras para o homem. Ele descreve a cena, o lugar, as pessoas. Está diante de um povo numeroso com suas misérias. Jesus desce do monte para, rebaixando-se, encontrar com os que clamam por socorro. Desce para libertar com seu poder os pobres, os oprimidos e escravos do poder do mal. Os que o seguem e a Ele se abrem estão em condições de acolher o Reino de Deus, tornando-se homem novo com um projeto novo.

Na sinagoga de Nazaré, Jesus, citando Isaias, apresentou seu projeto de evangelização. No delineamento do projeto encontramos as esperanças para os pobres, a proposta de justiça e felicidade, em contrapartida, é anunciada a ruína para os ricos (24-26).

Para entendermos este texto de Lucas, é preciso saber: Qual a finalidade das bem-aventuranças? Quais são os pobres e os ricos? O que é Reino de Deus?

Bem-aventuranças é um estilo bíblico usado pelos sábios e profetas para anunciar alegria no presente e a promessa de felicidade futura. Não se refere a algo abstrato ou mero desejo religioso, mas uma solene declaração com a autoridade de Deus que age para fazer justiça. No evangelho de Lucas, os pobres são concretamente os famintos, os perseguidos, pessoas que estão inferiorizadas, privadas de segurança social. Jesus, na sinagoga de Nazaré (Lc 4,18-21), dissera que o tempo esperado pelos pobres chegou, por isso são bem-aventurados, felizes. Deus assume a causa dos pobres. Não porque os pobres sejam melhores do que os ricos, mas porque Deus é justo e fiel; e na situação histórica, faz sair deles a opressão e lhes aplica a justiça, dando-lhes espaço social. Permanecer na opressão e na exclusão seria injustiça, seria enaltecer a miséria e a prepotência humana.

Jesus promete o Reino de Deus aos pobres, não promete fazê-los ricos, isso seria uma inversão que não atende às exigências salvíficas. Reino de Deus é a justiça personificada no amor de Deus. Não se trata de afirmação de que já estão no céu ou que irão para lá, mas uma garantia de que o Reino já está sendo dado aos pobres, mas eles devem conquistá-lo. Não só os pobres, mas todos devem se mobilizar com todas as forças e realizar as exigências do Reino. É preciso observar a advertência: os ricos já receberam sua recompensa (Lc 12, 13-21). A intenção de Jesus é para que não se acomodem, não vivam da ilusão de um sucesso fácil.

As bem-aventuranças, enquanto de um lado pregam a subversão da ordem social, de outro é um convite dirigido à comunidade dos discípulos para se confrontarem com a alternativa proposta por Jesus: ou com os pobres para o Reino de Deus, ou com os ricos para a ilusão que leva ao fracasso.

Depois das bem-aventuranças não há espaço para o comodismo, para uma neutralidade, nem para uma falsa consciência de que se está fazendo o possível. Para o Reino não há o possível, só há o tudo.

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