Aparição à margem do lago de Tiberíades, Jo 21, 1-19.
Os discípulos voltam da pescaria sem peixes. Os personagens principais desse relato do evangelista João são o discípulo amado e Pedro. Antes de mais nada, há o convívio que simboliza o banquete eucarístico, a refeição de Jesus com seus discípulos que voltam da pescaria: os peixes e pães em cima do braseiro. A Igreja vive, antecipadamente, a comunhão com seu Senhor. É Jesus quem distribui o pão e os peixes, memorial da multiplicação dos pães e da última ceia, quando Ele ordenou: Fazei isso em minha memória.
É o discípulo amado quem reconhece primeiro ao Senhor. A seguir três fatos salientam a presença de Pedro: ele quem toma a iniciativa de ir pescar, é o primeiro a ir correndo ao encontro do Senhor, é o que traz a rede cheia de peixes grandes. O texto quer destacar, sob diversas situações, ora um discípulo, ora outro: o discípulo amado pela prontidão em reconhecer o Senhor, e Pedro pela prontidão no serviço.
Destaca-se o contraste entre o esforço inútil da pesca, iniciativa humana, e a abundância de peixes pescados pela ação de Jesus, e também, pelo fato da rede não se romper. Aqui temos a imagem da Igreja. O milagre da pesca é uma referência à missão da Igreja de Jesus que deve ir até os confins da Terra, ser vista como servidora. Apesar do cansaço dos pescadores, confiantes em Jesus, retornam ao trabalho, reconhecendo que sem o Mestre nada podem fazer, e com ele tudo muda. É o Senhor que torna frutífero o trabalho da Igreja. Toda a missão produz frutos somente quando obedece a Cristo.
É a palavra do Senhor que garante o sucesso da Igreja, em sua universalidade e na sua unidade. À Igreja cabe somente obedecer, como foi a atitude dos discípulos lançando a rede, malgrado o seu fracasso anterior.
A segunda parte do evangelho trata da vida pastoral da Igreja confiada a Pedro. Simão é chamado rocha. Pedro é a rocha da comunidade no sentido de se tornar o pastor responsável pelo rebanho. Algumas pessoas relacionam as três perguntas e três respostas de Pedro às suas três negações a Cristo, no processo de sua condenação. Nada é por mérito de Pedro, tudo vem pela graça do Senhor. O que exige humildade e fé.
Pedro, escolhido a ser pastor, assume como sucessor de Cristo a missão de chamar e conduzir, com segurança, as suas ovelhas, caminhando à sua frente, defendê-las e dar a vida por elas. O Pai age no Filho, pois são um. O Filho confia suas ovelhas a Pedro, como o Pai em relação ao Filho. O poder que o Pai deu ao Filho, o Filho o dá também a Pedro. D’agora para frente, na Igreja, o que prevalece é Pedro, que se torna a própria vontade de Cristo. Levar o rebanho a seguir ao Cristo é percorrer o caminho da cruz e, depois, ressuscitar.
A nossa Igreja tem o compromisso de ser o Cristo no mundo. Obedecer a Pedro na pessoa do Papa. Construir um mundo cristão. Tornar todos participantes da ressurreição de Cristo. Ser Igreja viva que transmite vida a todos.