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NÃO TENHAIS MEDO, PEQUENO REBANHO (Lc 12,32-48).

O Reino começa a ser plantado lá onde os bens são distribuídos aos pobres. A essência do discipulado começa a ganhar força quando a renúncia chega à maturidade com a distribuição de tudo entre os necessitados. É o que a espiritualidade chama de desprendimento. É a libertação religiosa no dia-a-dia. É descentralização de si mesmo para construir a Igreja. Essa descentralização só se explica com a vigilância. Não descuidar nenhum dia na edificação da santidade. Nisso está a vigilância responsável. A salvação está no futuro imprevisível. Assim, o tempo da espera é o tempo da responsabilidade associada à fidelidade ao Deus que nos confiou a expansão do seu Reino (cf. Mt 28, 20). Não se sabe quando acontecerá a volta do Senhor, a espera pode ser cansativa e provocar desistência, a apostasia, a desilusão, por isso não se pode cair na rotina da fé. Repetir mecanicamente os exercícios espirituais.

Na parábola do senhor que chega depois da festa, mostra como deve ser a atitude do empregado: vigilância constante. A esse é reconhecida a sua responsabilidade. O próprio senhor, reconhecendo os seus méritos, se põe a servi-lo. É o que Jesus, de fato o fez: tornou-se servo para salvar a todos, rebaixou-se, humilhou-se (cf. Jo 13, 14). A esses Jesus os declara “bem-aventurados” (v.43). Ele está no meio de nós como aquele que serve (22,29-30). Ao discípulo disponível é preparado um reino onde ele possa participar da mesa do seu Senhor. Participar da vida eterna.

Em seguida, Lucas nos apresenta a possibilidade do ladrão noturno (39-40). Nesse caso, o morador da casa está sempre vigilante e não se deixa surpreender. Representa a vinda inesperada do Senhor, o Filho do Homem. Tem por objetivo não se deixar dominar pela preguiça e indolência, o relaxamento. Refazer, a cada dia, os exercícios espirituais, exercitar a vigilância contra o pecado.

Por fim, na terceira parábola, Lucas apresenta a figura do servo mau e autoritário. Ele tinha duas oportunidades: ser fiel e receber uma recompensa maior, ou abusar de sua autoridade, trair e confiança do seu Senhor. recebendo um castigo. Na vida da comunidade, aqueles que recebem um mandato para representar Igreja, não passam de servidores com maior responsabilidade. Existe um único chefe, Jesus Cristo, enquanto todos os outros são servos e irmãos, não são donos da comunidade. A punição do servo infiel é a figura da pena definitiva, é a condenação por não se colocar a serviço do Reino. É a irresponsabilidade na administração dos bens espirituais.

Aqui podemos nos avaliar com relação à nossa ação na Igreja, à nossa vocação como cristãos. Como é a minha vida na comunidade? As minhas atitudes são uma resposta à minha fé, uma resposta responsável ou não na construção do Reino de Deus? As estruturas humanas são frágeis e não servem para construir uma Igreja participativa. Não devemos reivindicar qualquer direito, porque há um só Senhor da casa, todos os outros são servos, e apenas servos. As estruturas terrenas da Igreja são passageiras. Os postos de comando são temporários. Vigiar para a vinda do Senhor. E Ele vem.

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