O BATISMO DE JESUS (Mt 3,13-17)
Amigos, estamos encerrando o tempo do Natal do Senhor e iniciando a vida pública de Jesus. Período bíblico preparado para revelar os mistérios de Deus e salvar a humanidade. Essa festa liga dois momentos da nossa história cristã. Primeiro vemos o profeta Isaias (Is 42, 1-7) anunciando o perfil do Salvador: um servo escolhido por Deus e por Ele sustendo para praticar a justiça e alimentar a esperança. Ele não vacilará até que toda a terra seja julgada e a paz restabelecida. A vida será o alento para os que habitam a terra e o sopro da vida fará geminar a esperança e a verdade para que vejam, com a eliminação das trevas e a libertação da prisão do pecado. A idolatria será substituída por um único Deus que não tem princípio nem fim, preanunciando a encarnação do Filho de Deus que entra na história humana como acabamos de celebrar no Natal de Jesus.
Na segunda parte, seguindo Mateus, Jesus recebeu de João um batismo ligado ao perdão dos pecados. É estranho que Jesus, que não tendo pecado, se envolvesse com o batismo de arrependimento. A Igreja primitiva quer ressaltar, no diálogo entre Jesus e João, que Ele é “o esperado, o que chegou”. O pedido de Jesus esclarece que isso está de acordo com a vontade de Deus, deve ser feito para concretizar o Plano divino da profecia. Assim, Mateus explica como Jesus, sem pecado, podia ter recebido um batismo de arrependimento. Diversos fenômenos extraordinários, como aconteciam no Antigo Testamento, também acontecem com a saída de Jesus das águas do Jordão. A separação entre céu e terra se desfaz pela obra missionária do Filho. A descida do Espírito Santo. em forma de pomba, lembra o sopro de Deus na criação (Gn 1,2). A voz do céu lembra diversas passagens do Antigo Testamento (Gn 22,2: sacrifício de Isaac; Sl 2,7: Tu és meu Filho, hoje te gerei; Is 42,1: eis o meu servo, o meu eleito). A intenção de Mateus é mostrar que, antes de iniciar sua vida pública, o Pai forneça a identidade e missão do seu Filho.
Na missão evangelizadora da Igreja, Lucas, em Atos 10 , 34-38, apresenta Pedro pregando aos judeus e confirmando que Deus não faz distinção entre as pessoas, pois a salvação realizada pelo Filho é universal. Além de derrotar o demônio, curou toda e qualquer enfermidade.
Resta-nos confiar em Deus e render-lhe toda a glória e poder para entrar em sua casa, como rezamos com o Sl 28 (29). Sua força e poder é capaz de sobrepor à natureza.
Amigos, com a liturgia de hoje sejamos fortalecidos para participarmos da missão de Jesus, na sua vida pública que começará, liturgicamente, amanhã. Não sejamos acomodados, mas pedras vivas que constroem a Igreja de Cristo.