Ano B – 33º DOMINGO DO TC - O ÚLTIMO JULGAMENTO
Liturgicamente estamos vivendo os últimos dias. É tempo de parar e pensar como estamos nos preparando para o encontro com Deus. Podemos dizer que o nosso momento chegou. O Livro de Daniel (Dn 12, 1-3) nos adverte que “nesse tempo levantar-se-á Miguel, o grande Príncipe, que se conserva junto dos filhos”. Muitos dos que dormem acordarão para a vida eterna ou para a condenação eterna. A justiça será feita, os justos brilharão na constelação celeste, junto com a comunidade dos santos, enquanto os ímpios viverão sua vida de perdição eterna. Daniel não está condenando, mas advertindo os que não querem a vida de santidade. É um alerta aos bons para que perseverem, e aos maus, que se convertam. O tempo de Deus chega para agir. É hora de prestar contas. É hora de mostrar o que fizemos com a vida que Deus nos deu. Quando nascemos recebemos um caderno em branco. Nele vamos escrevendo os nossos atos, e na morte é o próprio Deus quem faz a leitura e somos julgados pelo que fizemos ou deixamos de fazer. Não é Deus quem nos condena, mas o que fizemos ou deixamos de fazer, de acordo com o que está no caderno e o plano de Deus para cada um.
A Carta aos Hebreus, 10,11-14.18, nos recorda a missão de Jesus Cristo que ofereceu o único e perfeito sacrifício para remissão dos pecados. Na sua cruz foram expiados todos os pecados da humanidade, mas com uma exigência, não do Sumo Sacerdote, mas dos pecadores, que se deixem banhar pelo sangue do justo no processo de conversão, mudando o rumo de suas vidas. O justo que se entregou pelos injustos. E agora Ele “sentou-se para sempre à direita de Deus”. Com um único sacrifício lavou “levou à perfeição e para sempre, os que ele santifica”. Já pensamos o que somos para Deus? Deu o seu Filho em troca dos nossos pecados! Pagou um preço altíssimo para que retornássemos à intimidade com a Trindade Santa! Não podemos recusar esse gesto de Deus. Vamos melhorar as anotações do nosso caderno!
No discurso escatológico (Mc 13, 24-32), o ponto alto é a vinda do Filho do Homem, 13.24-27: Naqueles dias, depois daquela tribulação. Entre a perseguição e a violência virá a decisiva intervenção salvífica de Deus. Deus pode intervir nos acontecimentos para salvar o seu povo: Então verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens... 13,26. Para a comunidade cristã que fez a experiência da vitória sobre a morte com a ressurreição de Jesus, Marcos, chama a reviver o momento de provação e glorificação, a salvação prometida do Senhor. A morte não é um acontecimento privado que diz respeito só a Jesus, mas momento que marca a virada da história da humanidade. A liberdade não um acontecimento fatalista, mas uma caminhada nova em Jesus Cristo. Concluindo o discurso escatológico, Marcos nos lembra a necessidade de permanecer vigilante, 13,28-37. Esta parte ilumina toda a chegada do momento final. Jesus usa a natureza para falar da proximidade dos acontecimentos escatológicos. A época da frutificação das árvores é antecedida pela queda das folhas; as perseguições, provações são anúncios de uma nova vida: Assim também vós quando virdes acontecer essas coisas, sabeis que ele está próximo, às portas, 13,29. É uma promessa do Reino de Deus que está próximo. Mas só o Pai sabe quando acontecerá, por isso é preciso estar sempre preparado. Será um dia único e que só o Senhor conhece. As palavras de Jesus, como sugere Marcos, aos cristãos, não pretendem dar uma explicação sobre o fim do mundo e dos sinais do fim, mas colocar na cabeça deles uma atitude de responsabilidade vigilante. Não agir com atitudes fantasiosas e espetaculares, mas viver na fé consciente de que Deus é quem dirige os acontecimentos históricos para salvar a humanidade.
É preciso estar de prontidão, vigilantes, cuidando das anotações do nosso caderno, revisando o que fazemos, como vamos fazer. Ainda há tempo para apagar algumas atitudes e consertar o que não deveria ser feito. Deus nos dá várias oportunidades para mudança de vida. A santidade tem vários degraus e são galgados um a um, lentamente, mas constantes.
Comments