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Ao C – 23º DOMINGO DO TC - O DISCIPULADO


A Liturgia de hoje nos coloca um dilema que exige resposta firme: ou o Reino de Deus ou o apego aos bens terrenos. É muito forte a proposta e a decisão é dolorida. Na primeira leitura (Sb 9, 13-18) a Sabedoria mostra a fragilidade humana que não conhece os desígnios de Deus, por isso é temoroso o seu caminhar e não consegue projetar uma vida segura. Sua origem do barro está fadada à morte. O que procura na terra não lhe trará felicidade, são coisas passageiras, por isso é uma pessoa inquieta, insatisfeita. Somente a Sabedoria que sai do céu é capaz de satisfazer a vontade humana e tornar retos os seus caminhos. É aprendendo com a Sabedoria, que tem sua origem em Deus, que os mortais encontrarão paz e equilíbrio. Adquirimos Sabedoria aprendendo escutar Deus que nos fala no silêncio da oração.

É por isso que o Evangelho nos alerta sobre a prudência, lembrando-nos que devemos calcular o que podemos realizar antes de começar qualquer trabalho (Lc 14, 25-337). O contexto desta passagem mostra a exigência do Reino de Deus. Jesus está a caminho e uma multidão o segue. O anúncio do Evangelho é dinâmico e conduz a uma libertação total, inclusive entre parentes. É uma dedicação sem reservas que chega até ao sacrifício supremo. Carregar a cruz é o mesmo de enfrentar a morte violenta. Quem quer seguir Jesus deve estar preparado para esse enfrentamento. Ele não quer desencorajar os discípulos, mas dizer a verdade, preparando-os para o momento de provação. Nas duas parábolas que se seguem Jesus quer mostrar que o apego ás riquezas é um perigo para a perseverança cristã. A liberdade do discípulo e a sua coragem, o desapego radical leva-o a repensar seus projetos. Só quando começa a perder os bens que acorda para a realidade, vendo a fragilidade humana que deseja conservar coisas de pequeno valor. É necessário rever a vida antes que perca tudo.

Na Carta a Filemon, 9b-10.12-17, Paulo está na prisão e continua com a pregação do Evangelho. Ele agradece a Deus pela perseverança de seu amigo, Filemon, que, a seu modo, continua unido a Paulo pelo Evangelho. Lembra que a prática do Evangelho fortalece a fé e torna eficaz o conhecimento da verdade. Paulo não se atém ao aspecto social da escravidão, o que lhe interessa é a liberdade em Cristo, o novo relacionamento com a conversão ao cristianismo, criando uma nova identidade: são todos irmãos em Cristo, onde transparece a transcendência do amor, desfazendo as diferenças sociais. Sobressai o tema do amor, onde o Evangelho aproxima as pessoas, marcando-as como colaboradoras prediletas (v.1), e Onésimo deve ser acolhido como “irmão caríssimo” (v.16). Paulo, mais uma vez, não se preocupa com o caráter legal sobre a escravidão, mas com o testemunho cristão, marcado pela fraternidade. Onésimo já não é escravo, mas “irmão caríssimo”. Não somente Filemon deve acolher Onésimo, mas toda a comunidade (v.2). É um bilhete pessoal, mas Paulo dá-lhe o sentido apostólico eclesial. Paulo lembra a Filemon seu direito de mandá-lo fazer o que ele quiser, mas prefere pedir em virtude do Evangelho (vv.8-12). Não usa da sua autoridade apostólica, apela para compreensão do Evangelho que gera a igualdade. Onésimo foi gerado na prisão para o cristianismo, era inútil como escravo, agora útil à Igreja. É a nos vida em Cristo.

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